sexta-feira, 5 de julho de 2013

Vigília em frente à Nortox denuncia troca de favores entre empresa e Lupion

26 de setembro de 2006

 
Cerca de 100 trabalhadores da Via Campesina e do assentamento Dorcelina Falador, de Arapongas (PR), realizaram ontem uma vigília em frente à sede da empresa brasileira de produtos agroquímicos Nortox, também em Arapongas, região norte do Paraná.
 

A mobilização, que aconteceu durante todo o dia, tinha como objetivo denunciar a troca de favores entre a Nortox e o deputado federal e candidato à reeleição, Abelardo Lupion (PFL-PR) na campanha de 2002. Na época, a Nortox contribuiu com R$ 50 mil para o caixa de campanha, com o objetivo de flexibilizar a utilização de agrotóxicos no Brasil, umas das principais bandeiras do deputado. 
Os agricultores pedem à Anvisa e ao Ministério Público do Estado do Paraná investigue se a empresa cumpre as normas ambientais e de saúde dos trabalhadores referentes à produção de agrotóxicos.
 
Além disso, solicitam que o STF (Supremo Tribunal Federal) julgue imediatamente o inquérito de nº 1872/4, referente o processo de Caixa 2 de Abelardo Lupion, da campanha eleitoral de 1998, por desvio de R$ 4,1 milhões.  
Nortox, Monsanto e Lupion 
A Nortox é produtora de herbicidas e inseticidas e umas das principais responsáveis pela produção do glifosato pós-emergente usado na cultura da soja transgênica, envenenando os alimentos consumidos pela população e contaminando o solo e os lençóis freáticos da região. 
A Nortox está localizada em Arapongas, próxima ao distrito de Aricanduva, onde vivem aproximadamente duas mil pessoas, que estão exposta permanente a contaminação dos seus produtos químicos. 
A Nortox e a Monsanto, financiaram a campanha de Lupion em 2002 para a Câmara dos Deputados. Enquanto a Nortox contribuiu com R$ 50 mil para o caixa de campanha, a Monsanto doou a Abelardo Lupion a fazenda Santa Rita, em troca de lobby no Congresso Nacional para a aprovação de emenda que autorizou o uso do glifosato como herbicida na cultura da soja geneticamente modificada para a safra 2004/2005. Cinco meses antes da aprovação da emenda, o deputado negociou a compra da fazenda de 145 alqueires por R$ 690 mil, um preço três vezes inferior ao seu verdadeiro valor de mercado. 
Em 2003, a Monsanto e a Nortox foram acusadas de dividirem apenas entre elas o mercado do glifosato. Um parecer de 26 de agosto de 2004, elaborado pela Secretaria de Acompanhamento Econômico, do Ministério da Fazenda, detalha a atuação das empresas. Segundo o documento, Monsanto e Nortox estão “virtualmente integradas” e são as únicas a produzirem no Brasil ácido de glifosato. As demais empresas que vendem o herbicida no país precisam adquirir a substância no exterior ou comprar o produto da Monsanto, segundo o Ministério da Fazenda. 
Lupion ainda é acusado de caixa 2, na campanha de 1998 para a Câmara dos Deputados, o processo está no STF (Supremo Tribunal Federal), processo de nº 1872/4. Na época Lupion usou uma conta corrente da mãe de seu coordenador de campanha para fazer uma "movimentação ilícita" de R$ 4,1 milhões, segundo reportagem do Correio Braziliense. O dinheiro não foi declarado à Justiça Eleitoral nem à Receita Federal. 
Abelardo Lupion também é suspeito de envolvimento em transação econômica fraudulenta e prejudicial ao patrimônio público da União, em intermediação junto à Cooperativa Agropecuária Pratudinho, situada na Bahia, para adquirir 88 máquinas (da empresa IOCHPE-MAXION) pelo valor de R$ 3.146.000. De acordo com a denúncia anônima, recebida pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e CPT (Comissão Pastoral da Terra), 88% desse valor foi financiado por um programa público, chamado de Finame, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que resultou na entrega ao parlamentar da comissão de 24 máquinas, em função de sua ajuda na negociação para cooperativa baiana. 
No dia (18/09), 300 trabalhadores rurais da Via Campesina montaram acampamento em frente à entrada da fazenda Santa Rita, de propriedade de Abelardo Lupion, em Santo Antonio da Platina. E na semana passada (21/09), a Via Campesina e a CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais) lançaram a Campanha de Combate aos Crimes do Agronegócio e da Bancada Ruralista para denunciar as várias suspeitas de crime que pesam contra Lupion e solicitar que o STF (Supremo Tribunal Federal) julgue o processo do Caixa 2 da campanha de 1998.
 
Fonte: MST

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