domingo, 7 de julho de 2013

República de Ribeirão

Envolvimento
 
Antonio Palocci ocupou a prefeitura de Ribeirão Preto, cidade do interior de São Paulo, em duas ocasiões: de 1993 a 96 e entre 2001 e 2002. Em 2005, já ministro da Fazenda, foi acusado por seu ex-assessor Rogério Buratti de ter recebido um mensalão de 50 000 reais em seus tempos de prefeito. Segundo Buratti, o dinheiro era pago por uma máfia de empresas que fraudavam licitações públicas de coleta de lixo em cidades administradas pelo PT.
 
O que aconteceu
 
Quando surgiram as acusações de Rogério Buratti, em 2005, Palocci, àquela altura uma figura central no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, negou que ainda mantivesse qualquer proximidade com antigos assessores de seus tempos de prefeito. Foi desmentido pelo motorista Francisco das Chagas Costa, que disse à CPI do Bingo ter levado Palocci até a mansão em Brasília alugada pela turma de Ribeirão; e pelo caseiro Francenildo dos Santos Costa, que afirmou ter visto Palocci "umas 10, 20 vezes" no local em que se misturavam empresários, lobistas e garotas de programa. Pouco depois, informações financeiras de Francenildo vieram a público. Quando ficou evidente que o sigilo bancário do caseiro havia sido quebrado, a situação de Palocci se tornou insustentável e ele deixou o governo. Conforme a denúncia do então procurador-geral Antonio Fernando de Souza, o ministro deu ordem a um subordinado, o então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, para que levantasse a ficha bancária do caseiro. Depois da queda, em 2006, Palocci foi citado em diversas denúncias à Justiça e foi absolvido de todas. Em 2011, foi reconduzido ao primeiro escalão por Dilma, mas em menos de seis meses teve de deixar novamente o governo por causa de outro escândalo, desta vez envolvendo a fortuna que ganhou como consultor entre 2006 e 2010.
 
Quebra de sigilo do caseiro Francenildo
 
Envolvimento
 
Segundo a denúncia feita em 2008 ao STF, Palocci deu ordem ao então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, para que levantasse a ficha bancária de Francenildo Costa, testemunha-bomba contra o ex-ministro no início de 2006.
 
O que aconteceu
Então homem-forte de Lula, Palocci caiu tão logo o escândalo veio à tona. Foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal. Três anos depois, em decisão apertada (5 votos a 4), o STF arquivou o caso por falta de provas. Palocci foi então reabilitado por Lula, reconduzido ao primeiro escalão por Dilma, para enfrentar novo escândalo, o da suspeita multiplicação de seu patrimônio.
 
Caso GTech
 
Envolvimento
 
Palocci era ministro da Fazenda à época em que seu ex-assessor Rogério Buratti foi acusado de traficar influência em favor da GTech. O ministro tentou mostrar distância do caso e de seu antigo secretário na prefeitura de Ribeirão Preto, que foi demitido em 1994 após ser flagrado em uma gravação pedindo propina a um empresário.
 
O que aconteceu
O caso GTech surgiu em 2004, mas só ganhou força em 2005, após Buratti acusar diretamente Palocci de receber 50 000 reais de uma empresa de recolhimento de lixo, a Leão&Leão, que faria parte de um esquema de superfaturamento de contratos. Buratti contou também ter levado a Palocci uma proposta de suborno feita pela multinacional GTech para renovar um contrato com a Caixa, que teria sido recusada. Foram as primeiras acusações a minar a reputação de Palocci, que deixaria o governo em 2006. 
 
Palocci Consultor
 
Envolvimento
 
Em 2006, abatido pelo escândalo da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo, Antonio Palocci deixou o Ministério da Fazenda, retomou seu mandato de deputado federal (PT-SP) e abriu uma empresa de consultoria, a Projeto. Naquele ano, declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de 356 000 reais. Três anos depois, comprou um escritório na capital paulista por 882 000 reais. No ano seguinte, adquiriu outro apartamento por 6,6 milhões de reais, segundo revelou o jornal Folha de S.Paulo em maio de 2011. Seguiram-se outras revelações. Apenas em 2010, ano eleitoral, os serviços de consultoria lhe renderam 20 milhões de reais, metade dos quais paga nos dois meses que se sucederam à vitória de Dilma. Documentos obtidos por VEJA indicam que executivos da construtora Camargo Corrêa negociaram com Palocci ajuda para vender ao fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, o Petros, sua participação acionária na holding Itaúsa em troca de doações à campa de Dilma. O negócio - de 3 bilhões de reais - foi concretizado em dezembro de 2010, após a vitória da petista. VEJA revelou também que o dono do apartamento que Palocci alugava em São Paulo - por 15 mil reais - estava registrado em nome de um laranja.
 
O que aconteceu
 
As suspeitas sobre o patrimônio de Palocci mergulharam o governo Dilma em sua primeira crise. O então ministro da Casa Civil negou qualquer deslize, explicou já ter desativado sua consultoria, mas, alegando obrigações contratuais, negou-se a identificar seus clientes. Após semanas na berlinda, Palocci perdeu apoio dentro do PT e deixou a pasta, que Dilma desidratou e entregou à senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Três empresas admitiram ter recorrido à consultoria de Palocci: o banco Santander, a operadora de saúde Amil e a empreiteira WTorre. A Procuradoria-Geral da República (PGR) arquivou os pedidos de investigação protocolados pela oposição, mas o caso não está encerrado. Foi aberto um inquérito na área cível, e o Ministério Público Federal no Distrito Federal ainda estuda abrir um inquérito criminal. Em novembro de 2011, Palocci sofreu 'censura ética' da Comissão de Ética da Presidência por ter alugado apartamento registrado em nome de um laranja. Em maio de 2012, a comissão apontou que o ex-ministro omitiu de sua Declaração Confidencial de Informações que era sócio de uma empresa de consultoria e resolveu aplicar nova sanção. A censura ética é só o registro formal de um desvio e não impede que Palocci volte a ocupar cargos públicos. Em junho de 2012, a Justiça arquivou a investigação sobre a suspeita de lavagem de dinheiro envolvendo a locação do apartamento registrado em nome de um laranja.
 
 
 
 

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