sexta-feira, 5 de julho de 2013

Candidata, ex-deputada da 'pizza' não quer falar de mensalão

A carreira política da ex-deputada federal Ângela Guadagnin sofreu um revés após o escândalo do mensalão. Apesar de não estar envolvida nas denúncias, ela foi parar no noticiário nacional ao ser filmada dançando em plenário para comemorar a absolvição do colega de partido João Magno (PT-MG) no processo de cassação. Fortemente criticada, ela não conseguiu emplacar o terceiro mandato em 2006. Voltou às urnas em 2008, quando se tornou vereadora de São José dos Campos (SP). Às vésperas do julgamento do suposto esquema pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Ângela, candidata à reeleição, informou que não tem "interesse em publicar qualquer manifestação" sobre o assunto.
 
Na sessão do dia 23 de março de 2006, a Câmara dos Deputados absolveu João Magno, hoje réu no processo que será julgado a partir do dia 2, por 207 votos a 201. O vídeo da "dança da pizza", como ficou conhecida a manifestação espontânea da então deputada, ainda está disponível na internet e mostra Ângela Guadagnin dançando e sorrindo por quase 30 segundos enquanto os últimos votos eram anunciados.
 
Ainda naquele ano, Ângela Guadagnin chegou a pedir desculpas aos eleitores. Ela justificou a atitude dizendo que extravasou sua alegria pela absolvição de um amigo que era inocente. Na época, a então deputada era integrante do Conselho de Ética da Câmara. Ela nunca foi alvo de processo disciplinar, apenas recebeu uma advertência verbal.
 
Com pouco mais de 4 mil votos, Ângela resolveu voltar à política em São José dos Campos, cidade paulista que governou na década de 1990. "Entendemos que ela já prestou todas as explicações cabíveis", afirmou, por e-mail, o chefe de gabinete de Guadagnin.
 
O mensalão do PT

Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos  públicos até 2015.

No relatório da denúncia, o ministro Joaquim Barbosa apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
 
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
 
O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
 
A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
 
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.
 
Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.
 
 

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